Obras abordam sobre a relação da sociedade com as vacinações, bem como as evoluções e desafios em políticas de imunização
Por Danilo Moreira
Em pleno século XXI e no meio de uma pandemia, a eficácia das vacinas tem sido alvo frequente de boatos – seja por interesses político-ideológicos, convicções religiosas ou intenções criminosas.
Esse barulho de informações desencontradas e falsas tem atrapalhado a eficiência de campanhas de imunização e o combate às doenças, prejudicando toda a sociedade.
Para reforçar sobre a importância das vacinas para a nossa saúde, a Gênio Criador Editora selecionou algumas obras sobre o assunto. São livros que mostram, de modo geral, o desenvolvimento e uso desses imunizantes, bem como os desafios enfrentados pela Ciência.
Confira a seguir:
1. A Vacina no Banco dos Réus: mitos e verdades sobre as vacinas, por Carlos Henrique Dumard
As vacinas são descobertas científicas seculares que até hoje geram desconfiança. Enquanto alguns as veem como recursos fundamentais para a saúde da população, outros sentem receios.
Com tantas conspirações e informações desencontradas sobre as vacinas e seus efeitos, nesse livro, o autor contribui para o esclarecimento de vários pontos, abordando sobre as principais verdades, mitos e a trajetória de desenvolvimento e evolução dos imunizantes ao longo dos séculos.
Para aumentar o repertório de conhecimento acerca das vacinas, o autor traz informações interessantes como o surgimento, quem foram os pioneiros no desenvolvimento, de que forma são produzidas, os efeitos colaterais e perspectivas futuras.
A obra foi lançada em 2017 como publicação independente.
2. Vacinar, Sim ou Não?: um guia fundamental, por Guido Carlos Levi, Monica Levi e Gabriel Oselka
A primeira vacina surgiu há cerca de 300 anos. De lá para cá, centenas de milhares de vidas foram salvas e epidemias foram combatidas.
Contudo, nos últimos anos, com crescente movimento contra as vacinas, baseadas em informações contraditórias e dados sem evidência científica, os especialistas decidiram discorrer sobre a eficácia dos imunizantes.
O livro traz informações sobre os benefícios dessa ferramenta de imunização, abordando sobre a trajetória e consolidação das vacinas, bem como desmistificando crenças acerca das reações e aplicações.
O livro também entra na discussão sobre as implicações éticas e legais da vacinação compulsória, as consequências da não vacinação para os indivíduos e a comunidade, dentre outras questões relevantes.
A obra foi lançada em 2018 pela MG Editores.
3. Imunidade: germes, vacinas e outros medos, por Eula Biss
Devido às complicações no parto de seu primeiro filho, a escritora norte-americana Eula Biss quase veio a falecer. O fato lhe despertou um desejo de pesquisar a fundo sobre assuntos relacionados à saúde, especialmente de recém-nascidos.
O livro mistura relatos de experiências pessoais da autora e resultados da pesquisa que realizou, buscando esclarecer pontos que costumam serem alvos de movimentos antivacina.
Eula investiga as questões mitológicas, culturais e sociais para entender os motivos pela existência do medo da vacinação. O livro é indicado principalmente para pais de crianças pequenas que sentem receios acerca das vacinas.
No Brasil, a obra foi lançada em 2017 pela editora Todavia, com tradução de Pedro Maia Soares.
4. Vacinas e Vacinação no Brasil: horizontes para os próximos 20 anos, por Cristina Possas, José Carvalho de Noronha, Akira Homma, Paulo Gadelha (orgs.)
Produzido por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição referência na produção de vacinas no país, a obra traz um panorama histórico, analítico e sistêmico sobre a temática das vacinas e a dinâmica dos programas de vacinação no Brasil.
O livro também contextualiza sobre o desenvolvimento, a produção e a cobertura vacinal do país em relação a outros locais pelo mundo, faz projeções acerca das próximas décadas e propõe reflexões sobre os desafios.
A publicação é fruto do Seminário “Vacinas e Vacinação no Brasil: Horizontes para os próximos 20 anos”, realizado em abril de 2019, na Fiocruz. O livro foi organizado pela Iniciativa Saúde Amanhã, alinhada com a Estratégia da Fiocruz para a Agenda 2030.
Publicado em 2020, o livro está disponível para download gratuito no site da Fiocruz.
5. Prevenindo a Próxima Pandemia: diplomacia das vacinas em tempos de anticiência, por Peter J. Hotez
Cientista de renome internacional, especialista em vacinas, coronavírus e doenças tropicais, Hotez, por meio desse livro, apresenta reflexões sobre a importância da diplomacia das vacinas no combate a problemas de saúde globais — os existentes e os que poderão surgir.
A obra discorre sobre o cenário de aumento no número de doenças infecciosas que estão atreladas a características deste século: guerras e conflitos, desigualdade social, urbanização, mudanças climáticas e o movimento anticiência.
O livro aborda sobre diversas doenças como a esquistossomose, a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Covid-19, alertando para a importância da prevenção contra futuras pandemias.
O trabalho foi publicado em 2021 pela Artmed.
6. Febre Amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada, por Jaime Larry Benchimol (coord.)
Escrito por outro especialista atrelado à Fiocruz, o livro resgata um caso de sucesso ao falar sobre o desenvolvimento e produção da vacina contra a febre amarela, em 1937.
O livro traz informações sobre estudos realizados, procedimentos técnicos aplicados e outros aspectos relevantes na imunização contra a doença.
Lançada em 2001 pela Editora Fiocruz, a obra contribui para pesquisas sobre febre amarela e estudos sobre desenvolvimento e eficácia de imunizantes.
Em 2002, a obra recebeu Menção Honrosa no Prêmio Jabuti na categoria Ciências Naturais e Ciências da Saúde.
7. Poliomielite no Brasil: do reconhecimento da doença ao fim da transmissão, por João Baptista Risi Junior (org.)
A publicação traz outro caso marcante na história da vacinação no Brasil. A poliomielite chegou ao país no início do século XX, contudo, só teve repercussão na opinião pública por volta dos anos 1950, quando grandes cidades registraram epidemias da doença.
Somente nos anos 1980, por meio de iniciativas internacionais e estratégias de vacinação, a poliomielite passou a ser de fato combatida no país.
A obra conta a história dessa trajetória, a identificação da doença, as estratégias adotadas, as campanhas de vacinação, conquistas e legados dessa experiência.
O livro ajuda a refletir sobre os impactos da poliomielite que, em 1994, foi considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como erradicada no país. A discussão também é valida especialmente agora, momento em que estudos apontam para redução da cobertura vacinal contra essa doença no país.
A obra foi lançada em 2019 pela Editora Fiocruz.
8. Vacina Antivariólica: ciência, técnica e o poder dos homens, 1808-1920, de Tania Maria Fernandes
A primeira vacina que se tem registro foi desenvolvida pelo médico britânico Edward Jenner, em 1796, contribuindo para a erradicação da varíola. Em maio, o feito completou 225 anos.
No livro, os autores discorrem sobre as relações entre ciência, técnica e produção, baseadas na descoberta de Jenner e reflexões do cientista francês Louis Pasteur (1822-1895), referência no combate às infecções, sobre a vacina antivariólica.
A obra também aborda sobre políticas de vacinação durante o Império brasileiro e os primeiros anos de República, bem como o trabalho de profissionais e instituições pioneiras no período, como o Instituto Vacínico Municipal, no Rio de Janeiro.
Edward Jenner, médico britânico que inventou a primeira vacina
Além das medidas, a publicação também trata sobre conflitos e visões antagônicas existentes entre profissionais da época, políticos e o poder público em geral, sobre políticas de saúde atreladas à imunização.
A obra também traz contribuições contemporâneas de estudos sobre o tema da vacina antivariólica, além de tratar das diretrizes atualizadas pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS), referentes às campanhas de erradicação implementadas em diversos países.
O livro foi lançado em 1999 pela Editora Fiocruz, mas em 2010 ganhou uma nova edição, revista e atualizada.
9. A revolta da Vacina: mentes insanas em corpos rebeldes, por Nicolau Sevcenko
Quando falamos em negacionismo, movimento antivacina e afins, um célebre episódio da História Brasileira costuma ser recordado: a Revolta da Vacina (1904), que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro.
Para tentar conter os casos de varíola no país, o governo aprovou uma lei que estabelecia a obrigatoriedade da vacina em todo o território nacional. O fato desencadeou uma revolta popular que gerou uma onda de violência e manifestações na então capital federal.
Mas será que a revolta foi, de fato, motivada apenas por conta de uma vacina? No livro, o historiador Nicolau Sevcenko (1952-2014) elenca e comenta sobre os principais fatores que levaram ao motim, que na verdade, vão bem além da recusa a um imunizante.
A obra também contém um rico acervo de fotografias, ilustrações e charges da época, que ajudam a dar uma dimensão do que ocorreu.
Lançado em 1984, atualmente, é possível encontrar a edição atualizada pela Editora Unesp e publicada em 2018.
10. Ciência e Pseudociência: por que acreditamos naquilo em que queremos acreditar, por Ronaldo Pilati
Mesmo com tantos recursos disponíveis para buscar informações, por que, ainda hoje, existem pessoas que acreditam em superstições ou qualquer afirmação sem comprovação científica? De que forma se dá esse processo?
Para o psicólogo e pesquisador Ronaldo Pilati, isso é mais comum do que imaginamos. Em seu livro, o especialista investiga os motivos que nos levam a acreditar ou desacreditar de forma automática nos conteúdos que nos chegam.
O autor traz dicas de como combater esse comportamento e evitar espalhar fake news, aprendendo a analisar criticamente as informações que nos chegam a todo momento.
Com uma linguagem simples, Pilati aborda sobre as principais questões relacionadas ao que de fato é ou não é Ciência.
O livro foi publicado em 2018 pela Editora Contexto.
Como você conferiu, essas são algumas sugestões de obras para te ajudar a refletir mais sobre a importância da vacinação, bem como evitar a disseminação de notícias falsas a respeito do tema.
E não custa lembrar: cuidado com fake news! Informe-se sempre por fontes confiáveis e especialistas sobre o assunto. Sua saúde (inclusive mental) e a das pessoas que você ama também dependem desse compromisso.
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Com informações de: Fiocruz, Cebes, mReviews,
Fotos: Pixabay, Wikimedia Commons