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Livros criativos: veja como o potencial criador humano pode gerar obras incríveis!

Obras com formatos fantásticos, recursos transmidiáticos e outros elementos importantes mostram como o livro pode ser um grande campo de expressão criativa

Por Danilo Moreira

O Dia da Criatividade (17 de novembro) está chegando e para celebrar essa data, vamos abordar sobre nossa paixão: o livro, que além de ser um instrumento essencial para o desenvolvimento do potencial humano criativo, pode ser uma plataforma surpreendente dessa capacidade, seja no modo de interação, com o uso de recursos transmidiáticos ou em formatos até inusitados.

Conheça alguns livros criativos já inventados na história e saiba mais sobre como a criatividade de autores pode resultar em livros fantásticos!

7 EXEMPLOS DE LIVROS CRIATIVOS JÁ INVENTADOS

1 – Codex Rotundus

Ainda que o avanço cada vez mais vertical das tecnologias tenha proporcionado o aumento de possibilidades criativas na produção de livros, a criatividade humana desde muito antes já produzia feitos interessantes. Um exemplo disso é o Codex Rotundus, livro de oração cristã popular na Idade Média em formato circular.

mini livro idade média

A obra possui nove centímetros de diâmetro, três de espessura e era trabalhado com monogramas que remetem a letras do alfabeto gótico. Apesar do tamanho pequeno, comporta 266 páginas escritas em latim e francês. Acredita-se que o Codex Rotundus foi criado em 1480 por um pintor anônimo da região de Bruges (Bélgica).

2 – Livro cinturão

Era um tipo de livro cujo material possibilitava dobrá-lo sob o cinto ou cinturão. O segredo para essa comodidade era um nó em uma parte da capa de couro exterior, que ficava firmado e seguro atrás do cinto. A obra ficava pendurada de cabeça para baixo e era possível pegá-lo e lê-lo sem a necessidade de removê-lo do acessório.

livro cinturao

Nas regiões que atualmente compreendem a Holanda e Alemanha no século 16 era comum o desenvolvimento de livros para cintos, uma forma prática de ter à disposição uma obra para ler quando o portador quisesse. O livro da foto é de 1508, com capa acrescentada em 1589.

3 – Obras que podem ser lidas de duas ou seis maneiras

São obras criadas no século 16 com formatos que compartilham da mesma capa, mas agrupam livros distintos e que podem ser lidos de mais de uma maneira. Uma das principais utilidades desse formato foi para agrupar o Novo e Antigo Testamento. Um dos exemplos disso é o livro duplo, conhecido como o “dos à dos” ou, conforme apelidado pelo pesquisador holandês Erik Kwakkel, de “irmãos siameses”.

livro duplo 

Já o livro que pode ser lido com seis maneiras diferentes, é uma variação do livro duplo, contendo seis livros distintos e com fechos próprios. Essa obra foi fabricada na Alemanha no século 16 e reúne textos religiosos.

Livro de seis tipos

Atualmente, integra a coleção da Biblioteca Rogge, em Strängnäs (Suécia).

4 – Enciclopédia Mecânica

Considerada a “avó do E-book”, a Enciclopédia Mecânica foi patenteada em 1949 pela escritora e professora espanhola Ángela Ruiz Robles. O dispositivo era operado com ar pressurizado e permite que o leitor adicione diferentes carretéis com o conteúdo da obra pré-carregado para leitura. A obra possuía também um recurso de zoom, sendo possível ampliar algum texto específico quando necessário.

Enciclopédia Mecânica

O interesse da autora em fundir livro e tecnologia era constante e seu projeto posterior era adicionar uma luz de leitura, calculadora e som para as próximas versões da obra. A Enciclopédia Mecânica é considerada um dos primeiros exemplos da união do livro impresso com recursos tecnológicos mais próximos do que existe hoje. Atualmente, só há um exemplar exposto no Museu Nacional de Ciência e Tecnologia, em La Coruña (Espanha).

5 – Blink – obra impressa com Bluetooth

Criado em 2010 pelo designer Manolis Kelaidis, o livro ganhou esse nome pela junção das palavras “book” e “link”. Ele funciona assim: algumas partes do texto são impressas com uma tinta condutora, que forma links ou botões em suas páginas. Ao tocar em uma dessas palavras formadas, o dedo completa um circuito e gera um comando, que será enviado para um computador por meio de um dispositivo Bluetooth localizado na capa traseira.

Blink

Esse recurso permite que o Blink funcione como uma interface para executar determinadas tarefas no ambiente digital, como a definição de uma palavra ou concluir a pesquisa de um item específico, sendo útil, por exemplo, em escolas.

6 – The Girl Who Was Plugged In – O Livro Sensorial

Criado em 2014 por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o livro sensorial “The Girl Who Was Plugged In” é considerado um dos primeiros do mundo nesse formato. A obra é dividia em duas partes: o livro impresso com um conjunto de 150 LEDs programáveis e encaixados na capa, e um colete vestível (wearable), munido de um sistema de aquecimento, vibração e compressão.

O livro sensorial 

O resultado é que quem lê o texto, lançado originalmente em 1973 pela escritora americana Alice Sheldon sob o pseudônimo de James Tiptree Jr., pode experimentar diversas sensações e emoções e sentir (literalmente) o que a protagonista está vivenciando naquele momento.

7 – O livro que gera uma árvore

Em tempos que a conscientização sobre a sustentabilidade é uma bandeira cada vez mais presente na sociedade, por que não ensinar essa importância às crianças de uma forma lúdica?

livro que vira árvore

Foi o que pensou a editora Pequeño Editor, que em parceira com a agência de publicidade FCB Buenos Aires, lançou em 2015 o livro Mi papa estuvo en la selva, de autoria do escritor argentino Gusti e a ilustradora francesa Anne Decis. A obra integra uma campanha ecológica na Argentina promovida pela editora, que é voltada para livros infantis. A obra foi projetada para ensinar aos pequenos de onde os livros surgem (das árvores).

Os textos e ilustrações são compostas por uma tinta ecológica e o papel foi produzido sem produtos químicos. O grande diferencial desse livro é que ele contém sementes de jacarandá (árvore ameaçada de extinção) em suas páginas, ou seja, se você plantar o livro na terra e regá-lo regularmente, ele se tornará uma linda árvore: uma lição criativa sobre a importância de valorizar a natureza.

LIVROS COM RECURSOS TRANSMIDIÁTICOS

Com o a evolução de várias tecnologias, cresceram também as alternativas de seu uso nos livros, resultando em novas formas de narrar histórias e compartilhar conhecimento. Um exemplo dessas possibilidades de utilização tecnológica é a produção de obras com recursos transmidiáticos. O termo “transmídia” foi apresentado e difundido pelo professor de Jornalismo, Comunicação e Cinema da University of Southern California (EUA) e ex-diretor do Programa de Estudos de Mídia Comparada do Massachussets Institute of Technology (MIT), Henry Jenkins, que trabalhou esse conceito de narrativa no livro “Cultura da Convergência”, lançado em 2006 (no Brasil, publicado em 2009 pela Editora Aleph).

De acordo com a professora de Pós-Graduação em Produção Editorial e Graduação em Relações Públicas da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom), Maria José Rosolino, o conceito de transmídia baseia-se resumidamente na utilização de diferentes mídias para contar uma história. “Cada uma delas tem linguagem própria, ou seja, é possível contar uma história utilizando-se do formato impresso, audiovisual, hipermidiático e fotográfico em diferentes suportes. Isso amplia a mensagem que se quer transmitir a um determinado público ou a um conjunto de públicos de interesse”, explica.

Mazé, como é conhecida, é graduada em Relações Públicas (Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP) e Jornalismo (Faculdade Cásper Líbero). Cursou extensão em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), além de Pós-Graduação em Educação, Mestre e Doutoranda em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi. A docente atuou na Editora Scipione por dez anos como gerente de Comunicação e Marketing e atua há 16 anos na área de consultoria editorial.

Professora Maze Rosolino

De acordo com a especialista, a Educação é a área mais promissora para a utilização do conceito de transmídia. “Ela pode seguir o que defendeu Henry Jenkins no tripé que fundamenta sua teoria: convergência midiática, inteligência coletiva e cultura participativa”, explica. Segundo a docente, com o advento da Internet e das mídias sociais, a disseminação tornou-se mais rápida e pode ser mais intensa do que o programado. É nesse contexto que o tripé de Jenkins pode receber a transmídia.

Para o autor, a convergência de mídias é um processo cultural e não apenas tecnológico, que se baseia no comportamento do consumidor na atualidade. “Já a inteligência coletiva é a forma de consumir e a cultura participativa permite entender que essas pessoas estão cada vez mais distantes da postura passiva de outros tempos. Imagine essa grande caldeirão na produção de conteúdos didáticos!”, reflete a especialista.

Mazé acredita que os livros com recursos transmidiáticos são indispensáveis, sendo, por enquanto, a única via para minimizar os problemas do setor editorial. “O mercado necessita urgentemente de profissionais com altas doses de criatividade e inovação para se manter vivo e pulsante”, comenta a professora, que afirma procurar despertar essa noção nos alunos e futuros profissionais do segmento. “A atuação acadêmica nessa área impulsiona minhas ideias sobre a narrativa transmídia e o ambiente de convergência. Por ser uma produção experimental, procuro estimular os estudantes para ‘pensarem fora da caixa’”, destaca.

5 EXEMPLOS DE PROJETOS COM RECURSOS TRANSMIDIÁTICOS

Segundo Mazé, no ambiente da transmídia e da convergência de elementos, as editoras do segmento didático estão se aperfeiçoando cada vez mais no lançamento de livros que trabalham esses conceitos para proporcionar uma experiência aprimorada na educação de crianças e jovens. Ela cita alguns exemplos referenciados em algumas das empresas que receberam o Prêmio Top Educação 2018, promovido desde 2006 pela Editora Segmento:

1 – Leia para uma criança

Reconhecido no Prêmio por meio da categoria “Ação Social”, o projeto Leia para uma criança, da Fundação Itaú Social, teve ampla divulgação na mídia e tem como objetivo incentivar não só a leitura para as crianças, mas fomentar o fortalecimento de vínculos e a participação de adultos na educação desde a fase da Primeira Infância.

Leia para uma criança

“O projeto do banco Itaú apresenta múltiplas plataformas e linguagens. Está em sintonia com seu público-alvo e constrói cada vez mais uma interessante experiência de leitura”, afirma Mazé.

2 – FTD Educação

Premiada na categoria “Editora de Livros didáticos”, a FTD já possui uma tradição no mercado em livros didáticos e tem utilizado recursos transmidiáticos para fomentar uma experiência aprimorada. “Com sua face digital, apresenta conteúdos para professores e alunos em papel, e-books e vídeos.

FTD Educação

Tem uma área própria no seu website e explora recursos como realidade aumentada em coleções de ciências, por exemplo. Também mantém um sistema de apoio pedagógico para escolas, professores e estudantes”, comenta a docente.

3 – Projeto ZOOM – Education for life

Com 21 anos de atuação, a Zoom Education atua no desenvolvimento e promoção de soluções educacionais inovadoras para o desenvolvimento de crianças e jovens.

“Ela explora diferentes plataformas utilizando jogos como LEGO entre livros impressos e digitais. Tem ainda um suporte pedagógico robusto para a escola, diretores, professores, alunos e pais. Trabalha com as mídias sociais e explora sobremaneira o vídeo para comunicar”, comenta Mazé sobre a iniciativa, que foi premiada e reconhecida na categoria “Educação Tecnológica”.

4 – Editora Moderna

Há mais de 50 anos atuante no segmento de livros didáticos, a Editora Moderna foi premiada na categoria “Literatura Infantil”.

Editora Moderna 

Mazé afirma que editora destaca-se nesse contexto pelos livros animados, ou seja, e-books com diferentes recursos de interação com professores e alunos. “Na área de serviços educacionais discute temas emergentes e cria uma dinâmica de rede de informações entre os participantes da comunidade escolar”, explica.

5 – Árvore de Livros

Reconhecida na categoria “Softwares Educacionais”, a Árvore de Livros é uma plataforma de leitura digital com mais de 10 mil títulos disponíveis. Fundada em 2014, a empresa fornece conteúdos para escolas e bibliotecas de todo o País, além de oferecer apoio para educadores e promover projetos que estimulam o hábito da leitura entre crianças e jovens.

Árvore de Livros

“A plataforma de leitura digital é o seu diferencial premiado já que se propõe a ser um serviço completo de apoio pedagógico”, afirma a professora.

Esses foram alguns exemplos de livros com requintada criatividade, que além de mostrarem curiosidades na produção de obras no passado e atualmente, criam novas significações na produção do conhecimento e ampliando novos modos de compartilhá-lo, além de exercitar o hábito de leitura. Tudo isso mostra como os livros são registros de desenvolvimento humano e joias de nosso tesouro intelectual.

Com informações de:  UOL, Dito pelo Maldito, ObaOba 
Fotos: divulgação/Reprodução

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