Editora lançou o livro “Criatividade e Longevidade: um olhar da educação, arte e cultura”, organizado por Regina Célia Faria Amaro Giora
Por Danilo Moreira
Foi em um delicioso clima de confraternização que, no dia 14 de dezembro, a Gênio Criador Editora participou do evento de lançamento de livros durante o X Simpósio Nacional da ABCiber (Associação Brasileira de Cibercultura), realizado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), que fica na capital paulista. Na ocasião, a editora reuniu vários dos autores do livro “Criatividade e Longevidade: um olhar da educação, arte e cultura”, que prestigiaram o encontro. Organizada pela Professora Doutora Regina Célia Faria Amaro Giora, a obra traz reflexões sobre o protagonismo e o significado do idoso na contemporaneidade e no futuro, em especial no Brasil, onde estudos apontam que a população com mais de 60 anos de idade tem aumentado em ritmo acelerado nos últimos anos.
O livro é o sétimo produzido pelo grupo de pesquisa Criatividade e Inovação na Arte, na Ciência e no Cotidiano, filiado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). São 38 capítulos, oriundos de perspectivas diversas, que com consistência e originalidade expõem análises acerca da longevidade, do envelhecimento e de temas relativos à criatividade. São autores acadêmicos pesquisadores, alunos de pós-graduação e profissionais de diversas áreas do Brasil e exterior.
Regina conta que o grupo de pesquisa começou em 2009 na Universidade Presbiteriana Mackenzie e reúne não só professores da instituição, mas também de outras universidades, convidados a integrarem a obra, tendo inclusive na atual publicação colaboradores internacionais de países como Portugal, que contribuem com as suas áreas de especificação para os trabalhos realizados pela equipe. “É um grupo que abraça muitas formas de expressão. O último livro, por exemplo, ao mesmo tempo em que é uma agenda, também mostra poemas, crônicas, cartas – justamente pra mostrar que toda obra não precisa ser igual, seguir um modelo. A riqueza da criatividade e Educação está no fato da gente respeitar as singularidades de cada autor”, explica Regina, que também participa da obra com o artigo “UATU – Inclusão social e qualidade de vida na Terceira Idade”, na qual aborda sobre a experiência com idosos integrantes do programa Universidade Aberta do Tempo Útil (UATU), iniciativa pioneira da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo, e que busca promover inclusão social e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
“É uma obra bastante interessante do ponto de vista da diversidade de olhares e abordagens sobre criatividade, longevidade e envelhecimento, porque trata sobre o tema da vida humana e sua maior duração – fato que é uma conquista da evolução humana”, afirma a Professora Doutora e fundadora da Gênio Criador Editora, Cleusa Sakamoto. A docente, que é especialista em Criatividade, também integra o grupo de pesquisa e participa do livro com o artigo “A 3ª Idade frente ao lema da Agenda 2030 da ONU ‘Leave No One Behind’”. No texto, Cleusa destaca os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidas em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para os próximos 15 anos. Cleusa relaciona-os ao aumento da população idosa no planeta e analisa como a sociedade será impactada com novos significados e oportunidades, inclusive no campo da Criatividade. “Esta obra é uma produção que vem de um grupo do qual faço parte como autora há cinco anos. Participo das publicações desde o segundo livro, mas esse é o primeiro que tive a honra de atuar também como editora”, comenta.
A velhice como grande potencial de vida
Regina cita algumas referências de pessoas idosas que marcaram ou marcam presença na sociedade por meio de atividades que executavam/executam, como a escritora Cora Coralina, a psiquiatra Nise da Silveira e a empresária, designer de interiores e ícone da moda norte-americana Iris Apfel, mas reforça que não é preciso ser como elas para fazer a sua própria história, além de nunca ser tarde para aprender coisas novas. “A última sobrevivente da Lista de Schindler foi nossa aluna na UATU. Ela já tinha mais de 90 anos e chegava a fazer relatos da época, ou seja, além de estar lá aprendendo algo novo, ela também trazia uma importante contribuição aos colegas por meio do seu relato histórico”, aponta Regina.
Regina Célia Giora faz discurso de lançamento mediante outros autores presentes (2)
Durante o evento, conversamos com outros autores sobre algumas das características que compõem o livro. A programadora do SESC-SP e Mestre em Gerontologia Social, Denise Ardo Moreira, é coautora do artigo “A expressividade de afetos culturais: potências do envelhecimento” escrito em parceria com a pesquisadora Mirian Celeste Martins. O artigo é fruto de um trabalho de Mestrado realizado em 2008 em que abordou a relação dos idosos com obras de arte e como funciona essa ação de receptação e mediação cultural. “A diferença é que agora eu trago outras experiências atuais que tivemos envolvendo Tecnologia e Arte com idosos no SESC”, explica. O texto aborda as produções culturais e estéticas que geram novas relações afetivas, que influenciam aspectos da convivência social e o pertencimento. A ideia é abordar como essas relações e afetos se tornam presentes na vida do idoso, que nesse período da vida costuma ter a experiência de verem os filhos saírem de casa, a perda de pessoas amadas, a aposentadoria, a necessidade de repensar/construir a sua existência no mundo – e tudo isso traz um tempo considerável a ser preenchido com outras atividades.
A relação da velhice com a Arte também pauta o capítulo “A fragilidade como potência: a valorização do envelhecimento nas obras de arte”, escrito pela Professora Mestre Leslye Revely e a Professora Doutora Lilian Crepaldi. As pesquisadoras analisam três obras de arte contemporâneas: o vídeo-arte “Anatomia de uma mariposa” (2004), de Adriana Bravo e Andrea Robles; a performance “Art must be beautiful, artists must be beautiful” (1975), de Marina Abramovic; e o curta metragem “Ildete” (2013), de Mariane Custódio.
Leslye explica que foram utilizados os conceitos de dois acadêmicos que abordam sobre aspectos da velhice: a brasileira Silvana Tótora, que apresenta o envelhecimento como “uma condição vital colocada em xeque, um experimento de aventura em face da própria fragilidade”, conforme descreve no capítulo; e o roteirista francês Jean-Claude Carrière. “Ele fala que nossa essência é feita de vidro e a qualquer momento pode se quebrar, não importa a idade. A partir dessa ideia, ele analisa essa fragilidade como uma coisa vital, e quando a gente pensa nisso, queremos viver mais. E essa noção acaba despertando muito em nós quando ficamos mais velhos”, afirma a docente.
De acordo com a professora, a ideia é transmitir essa noção de fragilidade como uma potência da existência. Em outras palavras, o existir humano é frágil e ao mesmo tempo isso o impulsiona a viver. “Deixamos uma reflexão: será que envelhecer está ligado a uma coisa frágil? E, se estiver ligado a ele, será que isso é uma potência, já que não somos o tempo todo fortes? Vamos mais nessa linha de reflexão”, explica a autora.
Exemplares expostos no estande da Gênio Criador Editora, durante a ABCiber (1)
Além da relação da longevidade com a Arte e a Cultura, o livro também aborda outras características do envelhecimento como a Educação e os aspectos socioeconômicos nesse período da vida. O filósofo Renato Bulcão de Moraes, autor do capítulo “A pobreza na terceira idade e a necessidade de uma educação continuada” analisa a relação dos idosos com as mudanças em que as tecnologias da informação e comunicação têm promovido constantes modificações nas estruturas sociais. “É uma reflexão sobre a necessidade das pessoas da Terceira Idade serem obrigadas a continuarem trabalhando, porque existe um grande ‘fantasma da pobreza’ nessa faixa. Isso é evidente principalmente nos países desenvolvidos onde os aposentados recebem pensões muito menores do que os salários que recebiam enquanto trabalhavam, o que faz com que essas pessoas sejam obrigadas a se readequarem ao mercado de trabalho”, explica Bulcão, que é Doutor em Educação e História da Cultura.
Ele menciona que as mudanças dos últimos 50 anos também extinguiram algumas profissões que esses idosos exerciam, e os obrigaram a aprenderem novas competências. “A ideia do capítulo é mostrar a importância de uma Educação contínua, porque no momento que você aprende uma coisa que te insere no mercado de trabalho, é necessário já se planejar para se instruir sobre a próxima que vai te manter nesse mercado”, explica.
Um país com mais idosos
De acordo com um estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2005 e 2015, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais passou de 9,8% para 14,3% e a expectativa é que esta porcentagem alcance quase 30% até 2030. O Instituto aponta que, se o crescimento seguir na mesma velocidade que avançou até 2015, a população de idosos no Brasil irá dobrar em um ritmo maior do que o crescimento da fatia de idosos que compõem a população mundial. “Somos uma espécie que superou barreiras e mais que dobrou seu tempo de vida em meio século. Há 50 anos, havia uma expectativa de vida de quase três décadas a menos em comparação com os dias atuais. Quem chegava aos 60 anos naquela época já era considerada uma pessoa que viveu bastante”, afirma Cleusa.
É nesse cenário que o livro traz discussões importantes sobre aspectos da longevidade e principalmente sobre uma realidade em que os indivíduos estão mais ativos, produtivos e com maior consciência da sua importância socioeconômica. “Houve um tempo que depois dos 50/60 anos de idade não se esperava que você fizesse algo, principalmente a mulher, porque já tinha cumprido as suas principais funções atribuídas, e neste livro queremos que as pessoas leiam e pensem ‘Você está velho, mas qual o problema?’. Hoje vivemos mais, então acho que essa alegria de viver não deve ter idade”, afirma Regina.
Autores se abraçam após o discurso de lançamento do livro (2)
Para Bulcão, um dos principais desafios dos próximos anos é como obter o que ele menciona como a “democratização do envelhecimento” especialmente por meio da Medicina, já que pessoas mais privilegiadas economicamente e que ao longo da vida dispuseram de bons médicos, tiveram mais acesso à alimentação, áreas de lazer e outras condições socioeconômicas melhores certamente terão sua longevidade maior do que os que não tiveram esses direitos e privilégios. “Em segundo lugar, há também uma questão ligado à qualidade da alimentação das pessoas, que vai influenciar não só na longevidade, mas aspectos como o tipo de peso e até os modelos de figurino que as fabricantes precisarão disponibilizar no futuro”, afirma o pesquisador.
Leslye reforça a urgência de se falar sobre a Terceira Idade não só pelo fato do aumento de sua proporção, mas também a necessidade de quebrar estigmas e estereótipos que costumam acompanhar essas pessoas. “Temos uma expectativa de vida maior e não cabe mais aquela visão de simplesmente deixar idoso no asilo ou taxá-los pejorativamente de “velhos” no sentido de incapazes. Já temos vários exemplos de como essa população está cada vez mais ativa. E esse livro colabora com essa reflexão para que a gente possa pensar no que representa essa faixa etária hoje”, comenta.
Regina chama a atenção para os desafios da Terceira Idade, como as limitações físicas que não devem minar a vontade de aproveitar a vida e investir em novos projetos. “Temos que mostrar o lado positivo da velhice. Problemas de saúde todo mundo tem, mas temos que colocar em primeiro plano o principal: estamos vivos. Não adianta lamentar pelas limitações físicas ou a situação econômica do país, por exemplo. Eu vejo um caminho muito grande de possibilidades e as pessoas que buscam se desafiar certamente enxergarão muitas oportunidades”, comenta a professora.
Compartilhar conhecimento
Durante a cerimônia de lançamento do livro, Regina comentou sobre a importância de compartilhar o conhecimento não só para a academia, mas para toda a sociedade, pois somente assim todo o trabalho de pesquisa irá de fato contribuir para um mundo melhor e produzir frutos a médio e longo prazo. É comum que livros acadêmicos venham com uma linguagem rebuscada e que possa afastar o leitor com pouca formação escolar, o que limita a transmissão de mensagens importantes. No caso da obra, houve um cuidado para que a linguagem fosse a mais clara possível, justamente para que pessoas com qualquer grau de conhecimento pudessem compreender o conteúdo. “A primeira coisa que pedi para aqueles autores mais sofisticados que produzissem um texto para que todos possam entender. Não queremos algo apenas para acadêmicos, mas para aquelas pessoas que nunca viram uma universidade na vida, que possam abrir essas páginas e sentir interesse pelo que leem”, explica Regina. Ainda que o livro comente sobre a longevidade e que remeta diretamente aos idosos, Leslye reforça que a obra deve ser lida por todas as idades. “Queremos justamente trazer essa discussão para outras faixas etárias e não só para as que estão vivendo a Terceira Idade. Assim como a criatividade, a longevidade é uma questão que também envolve a todos”, afirma.
Parte dos autores da obra (2)
Regina reforça a importância e o significado de fazer algo pelo próximo, utilizando como exemplo o filme Ensina-me a viver (1971). “Ele mostra que o entusiasmo que você tem pela vida só ocorre quando você faz as coisas centradas nos outros e não apenas em você. Ao saber se doar, você estabelece laços afetivos e esse é o maior capital que temos”, afirma.
Além dos autores e capítulos que mencionamos, o livro reúne artigos de outros pesquisadores e especialistas renomados, que tratam com maestria diversos temas relacionados à criatividade e longevidade, tais como: Dança, Legislação para a Terceira Idade, Moda, Depressão, Família, Internet, Empreendedorismo, Esporte, Saúde Física e Mental, entre outros assuntos relevantes. Você pode adquirir o livro por meio da Amazon.
Trabalho bem feito
Ao lado de publicações acadêmicas de outras editoras, a Gênio Criador Editora contou com um estande e aproveitou a ocasião para divulgar a marca e celebrar um ano de conquistas. “Avaliando o ano de inauguração da Editora, estamos muito contentes com as oportunidades que tivemos com a publicação de dois livros individuais, um em grupo e um TCC - Trabalho de Conclusão de Curso. A Editora é a concretização de um antigo projeto de valorização do universo acadêmico ao dar oportunidade para a divulgação da produção do conhecimento. Tivemos contato com autores criativos e comprometidos e que buscam a projeção de suas pesquisas. Esses estudiosos têm encontrado na Gênio Criador Editora uma grande aliada para a divulgação de seus trabalhos. Considero uma honra poder contribuir para que obras de relevância possam se tornar acessíveis a um público interessado em novidades”, afirma Cleusa Sakamoto.
Além de lançar o livro “Criatividade e Longevidade: um olhar da educação, arte e cultura”, o estande contou com outras obras da Editora, como: "Interações Digitais e o Consumo do Livro", da Professora Alessandra de Castro Barro Marassi, e “Entre a Carne e o Verbo: confissão, sexualidade e discurso em Michel Foucault”, do Professor Thiago Calçado. Vários autores posaram para fotos em uma atmosfera de celebração.
Para comemorar nosso ano de conquistas, os autores entrevistados também comentaram sobre como foi publicar pela primeira vez por meio da Gênio Criador Editora. “Após seis edições do grupo de pesquisa, eu já pensava em mudar de editora. O próprio nome Gênio Criador, além de me inspirar, mostrou que era um novo caminho e experiência”, afirma Regina. Bulcão também reforça o apoio que recebeu durante o processo de publicação. “É a terceira Editora com quem tenho contato e gostei muito de trabalhar com a Gênio Criador Editora. Pretendo realizar novas publicações com ela já no ano que vem”, planeja.
Cleusa Sakamoto apresenta outros dois livros já lançados pela Gênio Criador Editora (2)
“É uma empresa bem séria. Para mim, o período foi um pouco complicado, pois eu estava em férias e tinha alguns outros prazos para cumprir. A experiência de fazer essa publicação, o grupo, o pessoal da Editora, os processos, tudo foi uma experiência muito gostosa e está sendo muito prazeroso ver o resultado”, afirma Denise. Já Leslye aponta que o processo de produção foi ágil. “Foi muito bacana, a gente teve a Cleusa como mediadora, e recebemos apoio o tempo todo. Achei que houve bastante agilidade e respeito aos prazos, o que foi muito positivo, ainda mais em uma obra que possui o conteúdo de vários autores para organizar e que normalmente tem uma dificuldade maior por conta disto. Foi uma experiência muito legal publicar em uma Editora nova”, comenta.
À vontade com os autores – parte deles amigos e parceiros de trabalho de longa data – Cleusa comentou sobre a riqueza que esses primeiros meses de operação da Editora já proporcionaram e faz planos para o ano que vem. “Temos conhecido autores incríveis e tido contato com obras maravilhosas! Esperamos ampliar nossos parceiros e publicarmos muitos livros em 2018”, reforça.
E você? Possui um trabalho acadêmico que deseja publicar? Entre em contato conosco! Transmita o seu conhecimento e conte com a Gênio Criador Editora para te ajudar nesse nobre objetivo! Faça diferença e multiplique!
Com informações de: Governo Federal, Valor Econômico, Terra
Fotos: (1) Sandra Ramirez, (2)Danilo Moreira