Gênio Criador Editora

Livros sobre o carnaval

10 livros para saber mais sobre o Carnaval

Obras abordam a história, bastidores, impactos na sociedade e outras nuances que fazem da festa uma das mais famosas do mundo

Por Danilo Moreira

Um dos símbolos da cultura brasileira é o Carnaval, que faz a alegria de multidões e movimenta setores da economia. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em 2025, a festa deve movimentar mais de R$ 12 bilhões em receitas no país, um aumento de 2,1% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Um espetáculo tão diverso e cheio de história é, sem dúvidas, um prato cheio para pesquisadores e entusiastas do tema. Pensando nisso, a Gênio Criador Editora selecionou alguns livros sobre o assunto, que não só contribuem para ampliar o conhecimento sobre nossa cultura, mas ajudam a entender, inclusive, a nossa sociedade e as suas camadas.

Leia a seguir:

1. Uma história do samba, de Lira Neto

Falar de Carnaval é falar de samba e, nessa obra, o autor traça a trajetória do ritmo desde suas raízes até o primeiro desfile das escolas de samba no Rio de Janeiro. O livro explora como o samba carioca emergiu no início do século XX, resultado da adaptação do samba rural do Recôncavo Baiano ao ambiente urbano da então capital federal.

Neto destaca a influência das batidas afro-brasileiras e da polca europeia na formação do gênero, além de abordar o papel do Carnaval de rua e o impacto da indústria fonográfica e da radiodifusão nas décadas de 1920 e 1930 para a popularização do samba.

A obra também apresenta documentos e registros fotográficos que enriquecem a narrativa sobre esse símbolo da cultura brasileira.

O livro foi lançado em 2017 pela Companhia das Letras.

2. Dicionário da história social do samba, de Nei Lopes e Luiz Antonio Simas

A obra reúne verbetes sobre personagens, eventos, conceitos, instituições, aspectos históricos e geográficos que moldaram o samba ao longo do tempo. Também destacam personalidades como compositores, instrumentistas, cantores, dançarinos, cenógrafos, diretores, entre outros.

O livro explora o samba não apenas como gênero musical, mas como um fenômeno social, histórico, cultural e de resistência, que perpassa, inclusive, a história do Carnaval brasileiro ao trazer, por exemplo, as escolas carnavalescas.

Os autores abordam o valor da negritude e da história dos negros na criação e na fixação do samba, e a ambígua inserção dessa cultura musical na sociedade de consumo. Ao ir além dos conceitos, os pesquisadores reconstroem a memória cultural de nosso país

O livro foi lançado pela Editora Civilização Brasileira, em 2015.

3. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro, de Roberto DaMatta

Nesse clássico, o antropólogo investiga as contradições da sociedade brasileira a partir da análise das festas, rituais e relações sociais. Ele afirma que tanto o Carnaval quanto seus malandros e heróis são criações sociais que refletem os problemas e dilemas básicos da sociedade que os concebeu.

O pesquisador propõe que o Brasil vive um dilema constante entre a ordem e a desordem, o formal e o informal, o institucional e o pessoal, refletindo-se no modo como o país se organiza e se relaciona com o poder. Ele também analisa a figura do malandro, personagem que simboliza essa ambiguidade característica do brasileiro.

Utilizando o Carnaval como um dos principais exemplos, DaMatta explora como a festa representa um momento de suspensão temporária das hierarquias e das regras do cotidiano, permitindo a inversão de papéis sociais e a vivência da liberdade em contraste com a rigidez das normas institucionais.

A obra foi lançada pela primeira vez em 1979, mas a edição que costuma aparecer mais disponível nas principais livrarias é a lançada pela Editora Rocco em 1997.

4. Carnaval brasileiro: o vivido e o mito, de Maria Isaura Pereira Queiroz

Outro clássico sobre o tema, investiga o Carnaval como uma manifestação cultural complexa, marcada tanto por sua dimensão festiva e espontânea quanto por sua institucionalização ao longo do tempo.

A autora analisa como a festividade, antes marginalizada, se desenvolveu no Brasil, comparando suas diferentes formas de celebração em várias regiões do país, desde os blocos de rua e os cordões populares até os desfiles das escolas de samba, bem como os seus impactos na sociedade.

Queiroz também destaca a dualidade do Carnaval entre o "plano vivido" — a festa popular espontânea, cheia de improviso e criatividade — e o "plano do mito" — a ideia da festa que foi construída ao longo do tempo, frequentemente associada ao espetáculo grandioso e à sua apropriação como símbolo nacional.

Publicado pela primeira vez em 1977, a edição da Editora Brasiliense, de 1999, é a mais fácil de ser encontrada.

5. Almanaque do Carnaval: a história do Carnaval, o que ouvir, o que ler, onde curtir, de André Diniz

Nesse guia abrangente sobre a maior festa popular do Brasil, o historiador apresenta a história do Carnaval desde suas origens até os dias atuais, passando por suas diferentes manifestações ao redor do país, como os blocos de rua, os bailes carnavalescos e os desfiles das escolas de samba.

Além do contexto histórico, a obra oferece um panorama cultural da festividade, indicando músicas essenciais, livros sobre o tema e os melhores lugares para vivenciar a folia.

Diniz também explora as personalidades marcantes, como compositores, intérpretes e figuras icônicas que ajudaram a construir essa tradição. Também traz fenômenos de mercado, como Ivete Sangalo e o grupo É o Tchan, que romperam as barreiras impostas pela crítica tradicional.

O livro foi publicado em 2008 pela Editora Zahar.

6. Carnaval em múltiplos planos, de Maria Laura Cavalcanti e Renata Gonçalves (org.)

A obra reúne estudos que analisam o Carnaval sob diferentes perspectivas, explorando sua diversidade e complexidade como fenômeno cultural, social e histórico, além da forma como a festividade se adapta aos novos tempos e tecnologias.

De modo geral, os capítulos abordam a festa como um espaço de criação coletiva, identidade e disputas políticas. São tratados também temas como os desfiles das escolas de samba, os blocos de rua, o viés comercial e suas conexões com questões raciais, de gênero e classe.

Além disso, a coletânea traz análises do Carnaval em outras partes do mundo: nas cidades de Nice (França), Nova Orleans (EUA) e Montevidéu (Uruguai), reunindo perspectivas das artes plásticas, da antropologia, da literatura, da história e da geografia humana.

A obra foi lançada pela Editora Aeroplano em 2018.

Bloco carnavalesco no Espírito Santo

7. Carnaval e cultura: Poética e técnica no fazer escola de samba, de Milton Cunha

No livro, o lendário carnavalesco e pesquisador, que também é comentarista dos desfiles das escolas de samba transmitidos pela TV Globo, traz um estudo aprofundado sobre o processo criativo e técnico envolvido na construção dos desfiles das escolas de samba.

O autor compartilha mais de 500 imagens que, além de captar os momentos de delírio na avenida, mostra o intenso trabalho dos profissionais e das agremiações, explorando como os enredos são concebidos e transformados em narrativas visuais nos desfiles, além de histórias curiosas.

Cunha detalha os aspectos estéticos e técnicos da festa, como a cenografia, a produção de alegorias, as fantasias e a musicalidade do samba-enredo. Além disso, discute o papel das escolas de samba na preservação da cultura popular e na construção de identidades coletivas, além de ser um espaço de inovação e resistência.

O livro foi publicado em 2015 pela Editora Senac.

8. O samba conquista passagem: as estratégias e a ação educativa das escolas de samba, de Cristiana Tramonte

A obra imerge no papel das agremiações, que não atuam apenas como organizadoras de desfiles carnavalescos, mas também desempenham um papel fundamental na formação cultural, social e identitária de suas comunidades.

O livro destaca as estratégias utilizadas pelas escolas de samba para ensinar e preservar saberes ligados ao samba, à música, à dança, à confecção de fantasias e à produção de alegorias.

Tramonte mostra que, além do espetáculo, as escolas funcionam como ambientes de aprendizado coletivo, onde diferentes gerações compartilham experiências, valores e tradições. Em outras palavras, reflete sobre a importância dessas instituições na construção de identidades e na resistência cultural das populações periféricas.

A obra foi lançada pela Editora Vozes, em 2001.

9. O Carnaval das Letras: literatura e folia no Rio de Janeiro, de Leonardo Affonso de Miranda Pereira

A obra investiga a relação entre o Carnaval e a literatura no Rio de Janeiro, explorando como a folia foi representada por escritores ao longo do tempo. O pesquisador analisa como a festa inspirou cronistas, romancistas e poetas.

O livro faz uma análise de como os festejos da folia estavam presentes nas discussões e conversas de importantes figuras literárias do Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, como Machado de Assis e Raul Pompéia.

Ele também mostra como o samba e o Carnaval serviram como uma ponte de comunicação entre as elites intelectuais e a cultura popular, e mostra como como essa abordagem da festa é fundamental na literatura brasileira, pois ajuda a contar a história do Rio de Janeiro e de sua cultura.

A edição que costuma ser mais encontrada à venda nas principais livrarias é a segunda, lançada em 2004 pela Editora da Unicamp.

10. O enredo do meu samba: a história de quinze sambas-enredo imortais, de Marcelo Pereira de Mello

Em formato de crônicas, o livro mergulha na história de quinze sambas-enredo consagrados nos desfiles cariocas. O pesquisador destaca como o talento de compositores populares, entre eles Edeor de Paula, que contribuiu para o Carnaval do Rio de Janeiro entre 1964 e 1993.

O autor analisa como essas composições foram criadas, seus contextos históricos e o impacto que tiveram tanto dentro quanto fora do desfile das escolas de samba.

A obra destaca a importância do samba-enredo como forma de expressão cultural. Além de detalhar a construção desses sambas, o autor explora como eles refletem momentos políticos, sociais e identitários do Brasil.

O livro foi publicado em 2015 pela Editora Record.

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Com informações de: Agência Brasil, PublishNews, Skeelo (Blog), Buscapé, Nexo (1 e 2), Alma Preta

Fotos: (1) Freepik, (2) Thiago Soares/Divulgação Liege

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