Gênio Criador Editora

Conheça 15 livros sobre teatro

Obras abordam desde a história do teatro a técnicas essenciais de criação de personagens e interpretação

Por Danilo Moreira

O teatro, uma das manifestações artísticas mais antigas da História da Humanidade, é um exercício que transcende a individualidade e se manifesta no coletivo, permitindo a expressão de culturas, tradições, contestações, resistências e muito mais. A palavra teatro vem do grego théatron, que significa “lugar para olhar”.

Ainda que diversos povos antigos, como os egípcios, já utilizassem elementos teatrais especialmente nas celebrações míticas, o teatro tal qual conhecemos tem origem na Grécia Antiga, no século IV. a.C, durante os festivais anuais que contavam a história de Dionísio, que na mitologia grega, era o deus do vinho, da alegria, entusiasmo e da fertilidade. Já no Brasil, arte teatral chegou no século XVI com os padres jesuítas, que a utilizavam como instrumento para catequizar povos indígenas.

Neste mês, no dia 19, foi celebrado o Dia Nacional do Teatro. A data é uma homenagem a essa arte e aos profissionais da área. No mesmo dia, desde 2017, também é celebrado o Dia Nacional do Teatro Acessível, que alerta para a importância da acessibilidade de pessoas com deficiência às artes cênicas.

Para celebrar esta manifestação cultural tão importante, a Gênio Criador Editora reuniu uma lista de livros essenciais para quem faz parte desse universo ou sente interesse. Veja mais a seguir:

1. História Mundial do Teatro, de Margot Berthold

A obra é uma das maiores referências em História do Teatro mundial. O livro une a história da dramaturgia e do espetáculo, faz uma análise estética e crítica das tendências e correntes artísticas vigentes, menciona as figuras e obras marcantes da criação cênica e conta sobre fatos históricos teatrais com um rico acervo documental. Contando com mais de 400 ilustrações, a obra viaja pelo tempo, por diversos países e povos, abordando o teatro primitivo, das civilizações islâmicas, indo-pacíficas, da China, Japão, Grécia, Roma, passando pela Idade Média, Renascença, Barroco, até os movimentos mais contemporâneos. A 6ª edição foi publicada pela editora Perspectiva em 2017 e é indicada tanto para especialistas quanto para iniciantes.

2. História Concisa do Teatro Brasileiro, por Décio de Almeida Prado

A obra de Décio de Almeida Prado (1917-2000), um dos mais importantes críticos de teatro brasileiros, é um trabalho reverenciado quando o assunto é História do Teatro brasileiro e traz um rico panorama sobre o tema. O livro abrange períodos como os autos do Padre José de Anchieta no século XVI, o movimento barroco, o teatro romântico de Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo, a comédia de Martins Pena na segunda metade do século XIX, o realismo, entre outros movimentos teatrais até 1908. A publicação é da editora Edusp, a sua edição mais recente foi lançada em 2008.

3. Panorama do Teatro Brasileiro, de Sábato Magaldi

Dentre seus diversos trabalhos primorosos, o crítico de teatro, falecido em 2016, nos deixou uma obra clássica da Historiografia Cênica brasileira. O livro analisa desde as primeiras manifestações dramáticas do século XVI com os padres jesuítas passando por diversas tendências que configuraram e marcam a história teatral brasileira. O trabalho foi lançado em 1962, numa época que a crítica brasileira passava a olhar mais para as características do teatro nacional, e se desvincular do francês, até então visto como “padrão de comparação”. Por isso, Magaldi traz à luz fatos até então desprezados ou mal compreendidos, além de analisar obras de autores famosos como José de Alencar e França Júnior, bem como o contexto social e histórico que influenciou os trabalhos. A edição mais recente, de 2004, foi lançada pela Global Editora e recebeu dois apêndices sobre a dramaturgia atual e tendências contemporâneas.

4. Hamlet, de William Shakespeare

Impossível falar de teatro e não mencionar William Shakespeare (1564-1616), um dos mais famosos dramaturgos da História da Humanidade. Nessa obra, escrita entre 1599 e 1601, um jovem príncipe dinamarquês se encontra com o fantasma de seu pai, que afirma que o irmão, casado com sua viúva, foi seu assassino. O príncipe decide criar um plano para comprovar a veracidade da acusação, forjando uma loucura como forma de viabilizar a sua vingança. Contudo, essa ideia acaba gerando diversas consequências para todos, sejam culpados ou inocentes. A obra ilustra o período conhecido como Teatro Elisabetano no Renascimento Inglês, início da Idade Moderna, cujo texto já foi encenado em diversas partes do mundo devido a sua profundidade. Como a obra é de domínio público, diversas editoras comercializam o livro, sendo possível encontrá-lo, inclusive, em sebos.

5. O Herói de Mil Faces, de Joseph Campbell

O norte-americano Joseph Campbell (1904-1987) foi um dos maiores estudiosos e intérpretes da mitologia universal. Lançado em 1949, o livro faz uma analogia das narrativas sobre mitos de várias civilizações, analisando elementos que mostram que os heróis de religiões, contos de fadas e de folclores representam, simultaneamente, as várias fases de uma mesma história, cuja trajetória é descrita pelo conceito da “jornada do herói”. A repercussão da obra foi tamanha a ponto de influenciar o cineasta norte-americano George Lucas a criar a primeira trilogia de Guerra nas Estrelas (Star Wars), Uma Nova Esperança (1977); O Império Contra Ataca (1980) e O Retorno de Jedi (1983). No Brasil, a versão à venda mais encontrada foi a lançada pela editora Pensamento em 1989.

6. A Arte do Ator, de Jean-Jacques Roubine

O autor aborda sobre a arte da atuação passando por diversos momentos históricos, como o teatro grego, a commedia dell’arte, a cena romântica, a descoberta da psicanálise até o período pós-guerra, em que a televisão e o cinema começam a influenciar os palcos contemporâneos. O livro trabalha com o conceito de que o universo do palco é influenciado por fatores externos. O livro foi lançado em 1987 e sua segunda edição foi publicada pela editora Zahar.

teatro

7. A preparação do ator, de Constantin Stanislavski

O livro faz parte de uma conhecida trilogia do ator, diretor e pedagogo Constantin Stanislavski (1863-1938), que criou métodos inovadores para profissionais e estudantes de teatro. Nesta obra, convida à reflexão sobre como atores e atrizes precisam agir durante o processo de criação e realização do ato teatral. A ideia é fugir da artificialidade e resgatar a essência da dramaturgia, que moldará o trabalho do personagem como um todo. No Brasil, é comum encontrar à venda a edição publicada em 1993 pela editora Civilização Brasileira (incorporada à editora Record), com tradução de Pontes de Paula Lima, que também traduziu os outros dois livros da coleção e é divulgador no Brasil dos processos cênicos criados por Stanislavski.

8. A Construção da Personagem, de Constantin Stanislavski

Já neste segundo livro da trilogia, o foco é no processo de atuação como arte, sendo esta considerada por ele a expressão mais elevada da natureza humana. A preocupação com o elemento humano é o que o torna distinto de outros estudiosos, gerando o chamado “Sistema Stanislavski”, ainda que ele mesmo não desejasse que seus métodos fossem fórmulas rígidas, mas conceitos adaptáveis e renováveis em qualquer tempo. Assim como o primeiro volume, no Brasil, você encontra exemplares à venda que foram publicados em 1994 pela editora Civilização Brasileira.

9. A Criação de um Papel, de Constantin Stanislavski

Fechando o terceiro livro da trilogia, a obra trata sobre o trabalho do ator no processo de desenvolvimento de um papel e dos problemas que poderá enfrentar no palco. O dramaturgo avalia cenas, estuda atitudes de personagem em relação ao roteiro e ao contexto das obras, além de fornecer dicas preciosas. No Brasil, foi publicada em 1995 pela editora Civilização Brasileira.

10. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas, de Augusto Boal

Um dos nomes mais influentes do teatro contemporâneo internacional, o dramaturgo brasileiro Augusto Boal (1931-2009), reuniu nessa obra diversos ensaios sobre as técnicas que criou. Boal criticava o teatro tradicional e questionava as formas de opressão que o modelo reproduzia, buscando levar a arte para as ruas, escolas, parlamentos, clínicas e outros espaços, como uma forma de se libertação. Seu caráter revolucionário o levou a ser exilado pela ditadura militar em 1971, o que fez com que seus métodos e encenações ganhassem o mundo. O livro, lançado pela primeira vez em 1975, é a publicação mais conhecida do autor e traduzida para diversos países. Boal explica os fundamentos técnicos e teóricos que realizou durante o período que esteve no Teatro de Arena, da qual foi um dos fundadores, entre os anos 1950/60, além de abordar sobre sua experiência de teatro no Peru em 1973. Uma das edições mais recentes foi lançada pela Editora 34.

11. Jogos para Atores e Não atores, de Augusto Boal

Nessa obra, o dramaturgo ensina diversas técnicas teatrais que desenvolveu durante suas atividades com atores desde a sua atuação no Teatro de Arena entre 1956 e 1971. De modo geral, as técnicas tornam o espectador como uma parte ativa do que acontece no palco. O livro possui tantos exercícios relevantes que é indicado, inclusive, para técnicas teatrais com finalidades psicoterapêuticas, pedagógicas e corporativas. A publicação conta com 12 edições em inglês, 15 em francês e dezenas de traduções em outros diversos países nos cinco continentes. A versão mais recente foi lançada em 2015 pelas Edições Sesc São Paulo, em parceria com a Cosac Naify, baseada na versão alemã de 2013, que incorporou os acréscimos mais recentes do autor nas versões europeias.

12. Manual Mínimo do Ator, de Dario Fo

O livro é uma boa referência para quem deseja conhecer as técnicas de arte teatral, especialmente a popular. O livro conta em seis partes um pouco da vida, arte e técnicas do dramaturgo, ator, diretor, cenógrafo, escritor e pintor italiano Dario Fo (1926-2016), que recebeu o Nobel de Literatura em 1997. Ao lado da esposa, Franca Rame, ele tornou-se um dos maiores símbolos da cultura local e um dos mais destacados ativistas daquele país, e essa postura refletia-se nas suas metodologias. No Brasil, a versão mais comum disponível é a quarta edição publicada pela editora Senac, em 1998.

13. 40 Questões para um Papel, de Jurij Alschitz

Lançado em 2011 pelo diretor e pedagogo teatral ucraniano Jurij Alschitz, a obra tem como objetivo ser um livro de perguntas para auxiliar atores durante o processo de preparação. São 40 indagações, que o autor chama de “Questões Socráticas ao Papel”, e servem para o leitor como uma espécie de chave que o ajuda entender melhor as obras teatrais e personagens. A obra foi publicada em 2012 pela editora Perspectiva por meio do selo Debates.

14. Improvisação para o Teatro, de Viola Spolin

Livro que é referência para educadores que trabalham com jogos dramáticos e para profissionais do teatro. O livro é um manual para atores amadores e profissionais, professores e crianças, já que fornece diversas dicas e técnicas para oficinas de trabalho. A obra também aborda os problemas enfrentados pelos atores e técnicas para solucioná-los, além de promover discussão sobre o uso de técnicas teatrais para a educação e outros usos como na dança, na prática psiquiátrica, na convivência social, entre outros ambientes. No Brasil, a sexta edição foi lançada em 2015 pela editora Perspectiva.

15. Dicionário de Teatro, de Patrice Pavis

E para fecharmos a lista, o professor de Estudos Teatrais Patrice Pavis criou um dicionário reconhecido mundialmente, muito útil para o ensino do Teatro. O livro conta com 560 verbetes traduzidos por professores e especialistas, que abordam significados que passam por questões essenciais da dramaturgia, encenação, estética, semiologia e da antropologia da arte dramática, o que torna a obra uma importante vitrine do saber sobre a história, teoria, técnicas e práticas do universo teatral. A terceira edição foi lançada pela editora Perspectiva em 2015.

Infelizmente, o teatro ainda não é considerado uma arte acessível para boa parte dos brasileiros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014, apenas 23,4% dos municípios contavam com teatros ou sala de espetáculos. Já um estudo da consultoria JLeiva Cultura & Esporte e o o instituto Datafolha, publicado em 2018, aponta que 31% dos entrevistados das 12 capitais mais populosas do País assistem a peças teatrais. As cidades analisadas foram Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo. Essa lista que abordamos trouxe alguns exemplos que livros que ajudam a entender porque essa arte é tão importante para a sociedade e precisa ser mais incentivada.

Com informações de: Teatro Escola Macunaíma, Escola de Atores Wolf Maya, Oficina de Teatro, Estante Virtual e Escola de Teatro Juliana Leite

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