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Músico cria chocalho gigante com tampinhas plásticas reaproveitadas

Obra é mais um exemplo do uso da criatividade para conscientizar sobre a reciclagem de embalagens e destinação correta de resíduos

Por Danilo Moreira

A sustentabilidade veio para ficar e muita gente já sabe da sua relevância na preservação do meio ambiente. Mas como ainda há muito a ser feito, muitas dessas pessoas buscam formas criativas de chamar a atenção para a causa, em especial a prática da coleta seletiva de lixo e reciclagem. Alguns casos, inclusive, já foram abordados aqui no Gênio Criador. A iniciativa da vez vem do músico, poeta e cineasta carioca Marcelo Gularte, de 40 anos, que criou um grande chocalho com a reutilização de objetos que iriam para o lixo. O objetivo é alertar sobre os impactos do descarte incorreto na natureza. A invenção faz parte do projeto educativo Reciclagem, Misancén e Música que atende crianças e jovens da comunidade do Mangueiral, na zona oeste do Rio de Janeiro.

O instrumento musical gigante possui seis metros de altura e pesa 65 quilos. O chocalho colossal – como a obra de arte é conhecida – é constituído por 15.000 tampas plásticas e sustentado por 113 cordas de nylon. É considerada a maior escultura sonora feita de material reciclável do país, segundo o RankBrasil, entidade especializada na pesquisa e divulgação recordes brasileiros. Segundo Gularte, a construção do chocalho foi trabalhosa e exigiu precisão. O artista idealizou o instrumento musical ao lado da artista plástica e atriz Lenita Arêas, que não pode permanecer até o final da produção por conta de outro trabalho. O músico assumiu a criação o projeto em parceria com voluntários e juntou 10 mil tampinhas em um mês, vindas principalmente de refrigerantes e materiais de limpeza. As demais vieram por meio da colaboração de amigos.

Chocalho-Carla-Cristina
Chocalho gigante é atração na zona oeste do Rio (Créditos: Carla Cristina)

 O músico utilizou as tampas de acordo com o tamanho de cada para atingir frequências diferentes: “a (tampa) de amaciante, por exemplo, faz uma caixa sonora com a de pasta de dente. Com o vento, uma vai batendo na outra”, explica. O artista afirma que o vento finaliza o trabalho, fazendo com que uma tampa bata em outra e reproduza sons variados. O tampão de uma caixa d’água de mil litros serve para fixar as peças. As informações são do site Quem Inova.

Izabel RochaMarcelo Gularte e o chocalho colossal (Créditos: Izabel Rocha/Rank Brasil)

Além da conscientização ambiental, a obra faz uma grande homenagem aos 80 anos do artista Hermeto Pascoal, pois ele é “um grande experimentador dessa linguagem alternativa musical”, afirma Gularte. O homenageado inclusive foi conhecer o instrumento e posou para uma foto ao lado do criador. A estrutura está aberta para visitação na Areninha Carioca Hermeto Pascoal, localizado em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro. O espaço, antes chamado de “Lona de Bangu”, foi reinaugurado com a instalação do instrumento gigante após uma reforma.

George Salguette
Marcelo Gularte e Hermeto Pascoal (Créditos: George Salguette)

Música que educa

Em 1999, Marcelo criou o Ponto de Cultura Reciclagem, Misancén e Música com um grupo de amigos. O projeto busca realizar atividades educativas com crianças, adolescentes e jovens da comunidade do Mangueiral. O músico aproveita da sua paixão por esta arte e incentiva os alunos a construírem instrumentos musicais. O diferencial é a consciência ambiental embutida nos trabalhos, já que são feitos com materiais recicláveis. Antes da concepção dos instrumentos, ele realiza pesquisas sonoras e tímbricas por meio de testes com objetos recicláveis que encontra no lixo. As técnicas são transmitidas aos estudantes.

Lenita Arêas
Outros instrumentos que nasceram no projeto (Créditos: Lenita Arêas)

Gularte coleciona outros feitos criativos como o “atumbor” – tambor criado a partir de latas de atum e pedaços de garrafas – além de um pandeiro feito de “couro” de PET. As técnicas de produção também carregam a consciência da sociedade urbana em contato com a arte. “Se um banjo fosse feito na África, teria os elementos da natureza que se encontram naquele território. Mas, vivendo em áreas urbanas onde os agentes poluentes são predominantes, os elementos mudam”, explica. O artista também utiliza sua criatividade em outros segmentos como a escrita. Além do chocalho gigante, possui outros trabalhos reconhecidos pelo RankBrasil.

Gularte é um caso interessante de uma pessoa que utiliza a sua criatividade para conscientizar o mundo sobre os problemas ambientais, além de fazer um importante trabalho social por meio da música.

Com informações de: Quem Inova, Green Me, RankBrasil

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