Obras abordam sobre a relação do ser humano com a natureza, além das consequências do uso irresponsável dos recursos naturais e dicas que ajudam a preservar o meio ambiente
Por Danilo Moreira
O mês de junho é conhecido por ser repleto de ações que celebram e alertam para a importância do meio ambiente e das práticas sustentáveis. As datas mais conhecidas que integram o calendário são a Semana Mundial do Meio Ambiente (entre os dias 1 e 5/6), Dia da Ecologia, Dia Mundial do Meio Ambiente e Dia Nacional da Reciclagem (5/6).
Uma das armas mais importantes para a conservação do meio ambiente é o conhecimento, e pensando nisso, a Gênio Criador Editora reuniu algumas indicações de obras para te ajudar na reflexão sobre a importância do ecossistema, as consequências de anos de devastação e outras agressões aos recursos naturais, contando também com dicas de boas práticas sustentáveis.
Veja mais a seguir:
1. Primavera silenciosa, de Rachel Carson
Lançado em 1962 pela bióloga norte-americana Rachel Carson (1907-1964), o clássico livro é considerado o primeiro alerta mundial sobre os efeitos do uso de pesticidas na agricultura que alcançou grande repercussão. A obra (em inglês, chamada “Silent spring”) apresenta diversos dados coletados pela pesquisadora sobre as consequências negativas da utilização do pesticida dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) à saúde e ao meio ambiente. Misturando a linguagem acadêmica com habilidades literárias como chamariz para os leigos, “Primavera silenciosa” teve impacto mundial em vendas, gerou protestos da indústria química da época, e chegou a levar países a proibirem o uso do DDT (no Brasil, só foi banido oficialmente em 2009), além de inspirar até hoje o movimento ambientalista e políticas relacionadas. No Brasil, a primeira edição foi publicada em 1964 pela Melhoramentos. Uma das edições mais recentes foi lançada pela Gaia Editora em 2010.
2. A ferro e fogo: a história da devastação da Mata Atlântica brasileira, de Warren Dean
Um dos mais renomados livros sobre história ambiental do Brasil foi publicado em 1996 pelo professor norte-americano da Universidade de Nova York (EUA), Warren Dean (1932-1994). Logo no começo da obra, o autor cita que o primeiro ato dos colonizadores portugueses ao chegarem às terras tupiniquins foi cortar uma árvore para fazer a cruz da Primeira Missa, como uma premissa do intenso desmatamento que ocorreu nos cinco séculos seguintes. Partindo do ponto de vista da trajetória de ocupação da Mata Atlântica e suas consequências, o pesquisador aborda temas como a grilagem de terras, a ineficiência da economia rural e a omissão/resistência de setores da sociedade em relação à destruição de reservas naturais e do meio ambiente em geral. O livro foi lançado pela Companhia das Letras.
3. Colapso – Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso, de Jared Diamond
O geógrafo da Universidade da Califórnia (EUA) apresenta exemplos da História da Humanidade em que sociedades declinaram ou desapareceram por conta de caminhos que seguiram, passando por civilizações como os vikings e os maias. Com dados e estudos, Diamond aborda como tese que nem sempre as sociedades escolhem tomar decisões erradas, mas o que chama a atenção é que muitas desses equívocos passam pelo uso desenfreado e irresponsável dos recursos naturais. O autor usa alguns exemplos nesse sentido, como o impacto do desmatamento na comunidade indígena dos rapa nui (na Ilha de Páscoa, da Polinésia Oriental) e no Haiti, um dos países mais pobres do mundo. Basicamente, o livro é um recado importante sobre como as decisões erradas na área ambiental podem contribuir para a ruína de uma nação. O livro foi lançado em 2005 pela Editora Record.
4. Uma trajetória ambientalista: diário de Paulo Nogueira-Neto, de Paulo Nogueira-Neto
Publicado em 2010 pela Empresa das Artes, o livro é uma homenagem a um dos patronos do ambientalismo do Brasil, o biólogo paulista Paulo Nogueira-Neto (1922-2019). O especialista criou, em 1973, a Secretaria Especial de Meio Ambiente (Sema), que posteriormente se tornou Ministério em 1992, quando a discussão sobre a responsabilidade ambiental ainda era tímida no País. A obra reúne os diários do autor, com anotações preciosas, que relatam mais de quatro décadas de carreira atuando na conservação e no despertar da consciência do patrimônio natural do País. Nogueira-Neto também era advogado, professor e pesquisador especializado em apicultura, além de ter sido membro da Comissão Brundtland de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Organização das Nações Unidas (ONU), grupo que criou o conceito de desenvolvimento sustentável. O livro está disponível no site da WWF-Brasil, famosa ONG pró-meio ambiente da qual Nogueira-Neto integrou o Conselho Diretor.
5. Chico Mendes: tempo de queimada, tempo de morte, de Andrew Revkin
Andrew Revkin é um repórter veterano norte-americano e escritor especializado em meio ambiente, que produziu uma reportagem investigativa sobre o assassinato do ativista Chico Mendes (1944-1988). O resultado desse trabalho é o livro “The burning season” em 1990. Engana-se quem pensa que o livro é uma biografia ou possui algum tipo de manifestação ideológica específica referente ao caso. Revkin vai a fundo sobre os elementos que influenciam na luta pela preservação da Amazônia, passando pela questão indígena, o trabalho escravo, as políticas públicas, desigualdade social, entre outros elementos importantes. O autor estrangeiro justifica a produção do livro dizendo que a preservação da floresta é uma preocupação que ultrapassa fronteiras. A versão brasileira, lançada pela Francisco Alves Editora em 1990, é mais encontrada em sebos. Já a americana, lançada pela Island Press, é encontrada em alguns sites como a Amazon. A reportagem também deu origem ao filme “The burning season” (HBO, 1994), com Raúl Julia atuando como Chico Mendes.
6. 50 grandes ambientalistas – De Buda a Chico Mendes, de Joy A. Palmer
Ainda que a preocupação com a relação homem-natureza tenha se tornado um alerta mais expressivo a partir da segunda metade do século XX, desde os tempos antigos já existiram profissionais de diversas áreas como Filosofia, Química, Biologia, Geologia, Arquitetura e religiosos que já sinalizavam sobre a importância desse cuidado. Dito isso, de que forma figuras marcantes históricas como São Francisco de Assis, Charles Darwin, Gandhi e Chico Mendes influenciaram o movimento ambientalista? A obra da professora britânica Joy A. Palmer, reúne os perfis dos principais ecologistas do século V a.C. até os dias atuais, oferecendo uma fascinante visão de como a humanidade tem lidado com a importância da natureza ao longo dos séculos. A obra foi lançada em 2006 pela Editora Contexto.
7. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos, de Luis Enrique Sánchez
Referência quando o assunto é licenciamento ambiental, apresenta conceitos técnicos, ferramentas, impactos e diversos estudos de caso nacionais e internacionais, além de mencionar fontes de informação e documentos técnicos necessários para os interessados em aprofundar os estudos relacionados. O livro é interessante, especialmente para empreendedores, instituições públicas e financeiras, que precisam de indicadores e estudos bem fundamentados para planejar e aplicar políticas ambientais. A obra teve seu conteúdo atualizado e ampliado, tendo sua segunda edição publicada em 2013 pela Oficina de Textos. Sánchez é Professor Titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e atua com planejamento e gestão ambiental.
8. Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor, de José Eli da Veiga
Nessa obra, o agrônomo, economista e professor da USP faz uma reflexão interessante sobre a banalização do termo sustentabilidade, que pode torná-lo um objeto de propaganda enganosa, além de servir como brecha para que empresas e instituições, por exemplo, acabem, na prática, cometendo atos ilícitos. O livro procura discutir que a dificuldade na definição do conceito sustentável não pode ser empecilho para ações de prevenção a crimes contra o meio ambiente, sendo um assunto atual e que possibilita uma ampla discussão em vários segmentos da sociedade. A primeira edição foi lançada em 2010 pela Editora Senac.
9. Mobilidade urbana e meio ambiente, de Eduardo Alcântara de Vasconcellos
Lançado pela Editora Senac, o livro discute um tema bastante pertinente principalmente para as grandes cidades: a mobilidade urbana. Engenheiro e sociólogo, Vasconcellos aborda questões como o funcionamento das cidades, como as pessoas costumam organizar seus deslocamentos e quais recursos costumam ser consumidos, bem como suas consequências para a sociedade e à natureza. A obra também fornece dados e estatísticas importantes para quem se interessa pelo assunto. Além disso, o autor também indica sugestões e medidas que podem ser adotadas para melhorar as condições do transporte público, do trânsito e redução de impactos no meio ambiente.
10. Lixo: cenários e desafios, de Maurício Waldman
Impossível não falar de meio ambiente sem mencionar um problema atual que está cada vez mais em evidência e necessita de políticas públicas mais eficazes: o lixo. Lançado em 2010 pela Cortez Editora, a publicação tem abordagem interdisciplinar e passa por temas relacionados à Geografia, História, Antropologia, Geologia, Ciência Política e Sociologia, apresentando estudos, pesquisas e dados para problematizar o tema com fluência e enriquecer o debate sobre os desafios da gestão do lixo. O livro busca repensar criativamente a destinação dos resíduos sólidos, propondo alternativas para um mundo mais sustentável.
11. 40 contribuições pessoais para a sustentabilidade, de Genebaldo Freire Dias
Até aqui falamos de pesquisadores, especialistas e figuras históricas, que contribuíram tanto para despertar a consciência ambiental quanto com iniciativas de conservação do meio ambiente. Mas quem disse que você precisa ser um especialista para tal? Com pequenas atitudes, você já pode fazer a diferença no mundo. É o que propõe um dos maiores porta-vozes do socioambientalismo, Genebaldo Freire Dias, que apresenta neste livro 40 sugestões que, ao serem praticadas individualmente por cidadãos conscientes, já colaboram para um meio ambiente mais saudável e uma sociedade mais justa. O livro foi publicado em 2005 pela Gaia Editora.
12. Os 50+ importantes livros em sustentabilidade, de Wayne Visser
Em 2008, líderes e ex-alunos do “Cambridge Programme for Sustainability Leadership”, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, iniciaram um projeto para identificar os livros mais influentes sobre sustentabilidade. O resultado é o livro “The Top 50 Sustainability Books” que, no Brasil, foi lançado em 2012 pela Editora Peirópolis, com tradução de Francisca Aguiar. A coletânea reúne a essência de 50 livros selecionados como os mais importantes sobre o meio ambiente, a relação do homem com a natureza, soluções tecnológicas, concepções filosóficas, empresariais e econômicas, propostas políticas, entre outros assuntos relacionados. Dentre os nomes renomados presentes na obra estão: Aldo Leopold, Rachel Carson, Donella H. Meadows, E.F. Schumacher, Al Gore, Jeffrey Sachs, Max Neef, Peter Senge, John Elkington e o brasileiro Ricardo Semler.
Relacionamos alguns exemplos de livros que ajudam a refletir sobre a importância da preservação do meio ambiente e de que forma as práticas sustentáveis contribuem com o planeta. É sempre importante buscar se informar sobre os perigos que a ocupação desenfreada e o uso irresponsável dos recursos naturais podem ocasionar – a curto, médio e longo prazos – para a humanidade e o planeta, de modo geral. É urgente refletir sobre seus hábitos e de que forma você pode contribuir para ajudar a reduzir esse risco, além de cobrar do poder público mais rigidez nas leis ambientais e investimentos em iniciativas como os cuidados com reservas ambientais. É uma consciência que deve ser fomentada em todos!
OS 17 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ONU
Uma referência mundial quando o assunto são diretrizes em prol ao meio ambiente são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecido em 2015 pela Organização das Nações Unidas. Trata-se de um conjunto de metas que servem como orientação para as políticas dos países e em atividades de cooperação internacional até 2030. Os itens foram definidos e firmados por meio de um acordo entre 193 líderes mundiais.
Basicamente, os objetivos são os seguintes:
1 – Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;
2 – Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável;
3 – Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades;
4 – Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos;
5 – Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas;
6 – Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos;
7 – Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos;
8 – Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos;
9 – Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva, sustentável e fomentar a inovação;
10 – Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles;
11 – Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;
12 – Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis;
13 – Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos;
14 – Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;
15 – Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade;
16 – Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis;
17 – Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Os 17 ODS foram desenvolvidos em substituição aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que foram elaborados no ano 2000, na qual havia estabelecido o ano de 2015 para a conclusão das metas. Essa atualização incorporou outras áreas necessárias, como a desigualdade econômica, inovação, consumo sustentável, mudanças climáticas, paz e justiça. O desafio agora é investir em medidas para atingir essas conquistas até 2030, por meio de um importante trabalho conjunto, da qual todos devem tomar essa responsabilidade para si.
Com informações de: Guia da Semana, Observatório do Clima e eCycle